Open Insurance chega ao mercado brasileiro

Open Insurance chega ao mercado brasileiro

Nesta semana, ouvir o ministro da economia, Paulo Guedes, afirmar que o país está no fundo do poço foi desolador. Mas nem mesmo isso tira o fôlego dos profissionais que trabalham com seguros, que estão a todo vapor para viabilizar o Open Insurance. Gente! Isso mesmo, Open Insurance.

A discussão sobre melhorias marginais no produto e na experiência do cliente não serão mais suficientes. Agora seguradoras, corretoras, resseguradoras e prestadores de serviços transformam suas organizações para realmente oferecer uma nova experiência ao usuário batizada como Open Insurance!

Esse debate já é recorrente em países da Europa, Ásia e nos EUA, e agora chega ao Brasil com mais força. Dia 27 de maio acontece na Distrito Fintech, centro de inovação do mercado financeiros, que tem a segurdora HDI como parceira, um talk sobre o tema Open Insurance. Em junho, dois eventos de peso também trazem o debate internacional para o Brasil, como o CQCS Inovation, que acontece dias 12 e 13, e o CIAB Febraban, entre os dias 11 a 13. 

Basicamente o que se espera é que o Open Insurance siga os passos do Open Banking, sistema financeiro aberto, colocado em audiência pública pelo Banco Central. Os dados bancários vão passar a pertencer aos clientes e não às instituições financeiras. Isso, na prática, vai permitir que o setor financeiro como um todo tenha as informações de cada consumidor.

Ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou para jornalistas que, diante das inovações tecnológicas, das demandas da sociedade e da entrada de novos players no sistema financeiro, o “open banking” é inevitável e deve ser visto pelas instituições financeiras como uma oportunidade e não uma ameaça, citou o Valor. “Para o sistema financeiro, essa mudança tecnológica significa: democratizar; digitalizar; desburocratizar; e desmonetizar”, completou. 

Campos Neto tem dado todo o apoio para Solange Vieira, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e que comandará uma autarquia maior, ao agregar fundos fechados hoje sob o comando da Previc. A Medida Provisória que criará essa nova entidade deve ser publicada nos próximos dias. Mas a economista já esta a todo vapor. Sinalizou que inovação é um dos focos da sua gestão, tanto com depoimentos em entrevistas como em atitudes. Colocou em audiência pública uma norma que torna a regulação online, com as seguradoras enviando ao órgão regulador tudo de forma digital. Praticamente decreta o fim do “face to face”. 

Tal normativo, quando aprovado, deverá ter pouco impacto nas seguradoras, que de uns três anos para cá vem apostando forte no digital. A realidade muda a cada dia, com ofertas de seguros sob medida pelo celular, preços acessíveis e serviços diferenciados para serem usados mesmo sem que tenha acontecido o pior, como uma morte, doença ou acidente compensados, em parte, por uma indenização financeira. A cobertura de doença grave, por exemplo, vendida no contrato de seguro de vida, é um exemplo. Ela pode ser usada em vida, diante de um diagnóstico de enfermidade coberta pelo seguro. Isso não invalida o pagamento de indenização por morte, que deve ser pago se houver óbito. Com isso, a venda do seguro de vida cresce na casa dos dígitos, mesmo diante do fraco desempenho da economia do Brasil.

Há vários exemplos de seguros hoje comprados com apenas alguns cliques e que tornam a experiência do usuário mais amigável. Não que isso vai mudar por completo o quadro institucional do setor. Em qualquer país do mundo as pessoas torcem o nariz para seguros. Um custo para quem nunca usou, mas um santo protetor para quem precisou acionar diante de um situação trágica.  O que vemos agora é uma fase realmente empolgante de transformação, com projetos inovadores que, depois de testados, chegam para transformar a experiência do usuário de seguro. 

Estudos revelam bilhões em dólares de investimento em startups que visam “democratizar; digitalizar; desburocratizar; e desmonetizar”, como se refere o presidente do BC ao Open Banking. Praticamente todas as seguradoras têm iniciativas de Open Insurance em andamento. Três seguradoras locais já participam da iniciativa mundial lançada no ano passado por Fouad Husseini, fundador da The Open Insurance Initiative (OPIN): a insurtech Kakau e as seguradoras SulAmérica e HDI. Apesar do fundador passar muito tempo em Londres, berço do mercado segurador, a sede da OPIN fica em Dubai, Emirados Árabes.


As apostas são de que o Brasil terá uma plataforma “open insurance” ainda neste semestre
Trata-se de uma iniciativa voltada para a indústria de seguros que permite que os dados sejam compartilhados com segurança com terceiros usando APIs (Application Programming Interfaces) abertas. Como acontece com o Uber, por exemplo. O usuário clica no aplicativo para pedir um motorista e a informação do endereço é enviada a uma API, que retorna ao aplicativo sobre os motoristas mais próximos. Depois outra API é acionada para confirmar e mostrar o roteiro do motorista e outra API entra em cena depois que o passageiro entra no veiculo para acompanhar trajeto e pagamento.

“Tudo começou com uma visão para acelerar a adoção de tecnologias inovadoras e uma integração mais profunda com as startups da insurtech, que foi traduzida no primeiro whitepaper da Open Insurance”, define a OPIN em seu blog. O whitepaper foi lançado em setembro do ano passado e depende da colaboração ativa de uma comunidade de desenvolvedores e especialistas em serviços financeiros para padronizarem APIs abertas para o setor global de seguros. “A indústria de seguros agora tem sua própria iniciativa aberta detalhada em um whitepaper, com uma visão geral dos processos e estratégias que podem permitir aos segurados compartilhar com segurança seus dados relacionados a seguros com terceiros”, explica Fuad, em suas diversas falas para contar mais sobre o tema.

Os fundadores explicam que o avanço se tornou mais rápido graças as APIs, que nada mais são do que tecnologias de autenticação e autorização da interconexão entre empresas. As APIs resolveram uma importante questão que barrava o crescimento do setor: dos sistemas legados das companhias que não conversavam com os sistemas modernos criados pela força da Inteligência Artificial e Analytics. 

Especialistas afirmam que a partir de agora tudo será mais veloz e mais barato. E também seguro, com o uso do blockchain, o cartório virtual que armazena na nuvem toda as informações criptografadas e acessíveis apenas para os donos das informações. Assim como o Open Banking oferece às fintechs e aos bancos oportunidades significativas para transformar a forma como os cidadãos realizam transações, como poupança, empréstimos e investimentos, o Open Insurance promete transformar também a experiência do usuário em relação ao mercado segurador.

Certamente as APIs facilitam a vida dos envolvidos. Tudo agora vai depender da boa fé, que rege o mercado segurador, mas que quando depende do compartilhamento de dados entre as companhias poucos avanços são notados. A aposta é de que isso tem mudado rápido e é exatamente por isso que o setor se transforma. 

Fonte: Sonho Seguro - Denise Bueno

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