Previdência aberta pode garantir empréstimos

Previdência aberta pode garantir empréstimos

A medida que permite o uso de recursos de fundos de previdência privada como garantia para empréstimos já está desenhada, como proposta de projeto de lei, no Ministério da  Fazenda, e deve sair em três ou quatro meses, de acordo com Dyogo Oliveira, presidente da  Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), que tem mantido interlocução com a pasta. O  texto deve passar pela Casa Civil, antes de seguir para o Congresso. 

Como os fundos de previdência complementar acumulam um volume robusto de reservas - R$ 1,2  trilhão -, a medida terá impacto relevante no crédito. 'Se um décimo desse saldo for usado, já  teremos R$ 120 bilhões a mais na economia, com taxas de juros mais baixas graças à garantia  líquida e sólida', comenta Oliveira. 

Para o investidor, significa não ter de sacar o dinheiro quando confrontado com uma emergência.  Em vez disso, reforça o executivo, poderia tomar empréstimo usando o fundo como garantia, com  custo mais baixo e sem perder os incentivos tributários do fundo de previdência. 

A ideia foi discutida no âmbito da Iniciativa de Mercado de Seguros (IMS), grupo de trabalho  criado na última gestão, no Ministério da Economia, para fomentar o setor. Na agenda de 2022,  também figurou uma proposta de ajustes no seguro-garantia para agilizar a liberação, minimizando  riscos judiciais. A ideia também já virou proposta de projeto e lei. 

'Estivemos com a nova equipe da Fazenda para falar da agenda para 2023 e levar a mensagem de  que o setor de seguros é instrumento para o desenvolvimento pela infraestrutura e o  financiamento', disse o executivo. 

Uma das ideias, por exemplo, é oferecer aos motoristas de aplicativos seguros que mimetizem a  proteção da CLT, com coberturas de saúde e acidentes, bem como fundos de previdência. Em  conjunto, comenta Dyogo Oliveira, os autônomos poderiam conseguir negociações mais  favoráveis. 

Outro tópico no horizonte é a flexibilização da norma para planos de saúde. A CNSeg estima em  50 milhões o universo de pessoas que estão perto de ter um plano de saúde e não conseguem  acesso ao produto. O problema é a estrutura rígida, que apoia todo o sistema no plano de  referência básica, com uma cobertura ampla. 

'O plano de referência tem uma cobertura enorme. Poderia haver produtos diferentes para  necessidades diferentes. Isso também iria aliviar o SUS, que não está bem preparado, por  exemplo, para atendimentos de alta frequência', cita. 

As ideias ainda são embrionárias e não chegaram ao guarda-chuva da Iniciativa de Mercado de  Seguros (IMS). Mas as perspectivas são favoráveis: 'Temos tido espaço para diálogo positivo',  contou Oliveira. 

Ex-ministro do Planejamento e ex-presidente do BNDES, Oliveira projeta para o setor de seguros  expansão de 10% na arrecadação neste ano, após o avanço de 12,9% em 2022. A expectativa se  apoia na estimativa de inflação de 5,3% - com o Banco Central começando o ciclo de queda da  Selic em maio ou junho - e PIB de 2,2%. 

'A expectativa de crescimento do PIB já incorpora a PEC da Transição, que dará impulso de R$  150 bilhões à atividade, injetado direto na economia real e no consumo, com pagamentos de  auxílio e mecanismos de distribuição de renda.' 

Fonte: CNseg

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